O Brasil, um país de dimensões continentais, entanto, tem sua espinha dorsal logística sustentada por rodovias. Caminhões e mais caminhões cruzam o país de ponta a ponta, levando a maior parte da nossa produção. Enquanto isso, o potencial das ferrovias, um modal robusto e eficiente, permanece em grande parte adormecido, lutando para crescer e ocupar o espaço que lhe é de direito.

À sombra das rodovias

A predominância do transporte rodoviário no Brasil não é um acaso, mas sim o resultado de décadas de políticas de investimento. Desde meados do século 20, a construção e a expansão de rodovias foram priorizadas, com a crença de que isso impulsionaria o desenvolvimento nacional. Essa escolha, embora tenha trazido benefícios em um determinado momento, criou um desequilíbrio significativo.

Hoje, a maior parte do escoamento de safras agrícolas, minérios, combustíveis e produtos industrializados se dá pelas estradas. Isso gera uma série de problemas: congestionamentos, maior custo de frete, alto número de acidentes, desgaste da infraestrutura rodoviária e, principalmente, um impacto ambiental considerável devido à emissão de gases poluentes. A infraestrutura ferroviária, por sua vez, sofre com a falta de investimentos contínuos, a desativação de trechos e uma malha ainda fragmentada e ineficiente para as necessidades do país.

Por que as ferrovias deveriam prosperar?

Apesar dos desafios, os motivos para o Brasil investir massivamente em suas ferrovias são inegáveis e urgentes. Os benefícios logísticos e econômicos são vastos e podem transformar a competitividade do país.

1. Eficiência e redução de custos

Um único trem pode transportar o equivalente a dezenas ou até centenas de caminhões. Essa capacidade de carga muito maior se traduz em uma redução drástica nos custos de frete, especialmente para longas distâncias e grandes volumes. Pense no agronegócio, por exemplo: a capacidade de escoar grãos de Mato Grosso para os portos em trens de alta capacidade pode baratear significativamente o produto final, tornando-lo mais competitivo no mercado internacional. Além disso, o custo de manutenção da via férrea por tonelada transportada é geralmente menor do que o da rodovia.

2. Sustentabilidade ambiental

Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas, o transporte ferroviário se destaca como uma opção muito mais sustentável. A emissão de gases poluentes por tonelada transportada é consideravelmente menor nos trens em comparação com os caminhões. Um trem elétrico, por exemplo, pode ter zero emissões diretas. Investir em ferrovias é, portanto, um passo fundamental para o Brasil cumprir suas metas ambientais e contribuir para um futuro mais verde.

3. Segurança e menos acidentes

As ferrovias, por sua natureza, apresentam um índice de acidentes muito menor do que as rodovias. A segregação das vias, os sistemas de sinalização e o controle rigoroso da operação contribuem para um transporte mais seguro, protegendo vidas e reduzindo prejuízos.

4. Geração de empregos e desenvolvimento regional

A construção, manutenção e operação de ferrovias geram uma cadeia produtiva robusta, com a criação de milhares de empregos diretos e indiretos em diversas áreas, desde engenharia e construção até serviços e logística. Além disso, a chegada de uma ferrovia a uma região pode impulsionar o desenvolvimento econômico local, facilitando o escoamento de produtos e atraindo novos investimentos.

5. Alívio no trânsito e melhoria da infraestrutura rodoviária

Ao transferir grandes volumes de carga das estradas para os trilhos, haveria um alívio significativo no trânsito das rodovias, especialmente em centros urbanos e rotas de escoamento. Isso não só melhoraria a fluidez do tráfego, como também reduziria o desgaste das estradas, prolongando sua vida útil e diminuindo a necessidade de reparos constantes.

O caminho à frente

Para que as ferrovias brasileiras realmente prosperem, é preciso um planejamento estratégico de longo prazo, investimentos maciços em infraestrutura, modernização de equipamentos e uma legislação que incentive o uso do modal. Superar o legado rodoviário não será fácil, mas os benefícios logísticos, econômicos e ambientais de um sistema ferroviário robusto e integrado são inestimáveis para o futuro do Brasil. É hora de despertar o gigante adormecido e colocá-lo para trabalhar a todo vapor.

Você acredita que o Brasil está no caminho certo para reverter esse cenário e dar às ferrovias o protagonismo que elas merecem?

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