No vasto e complexo universo da logística, a busca por eficiência e redução de custos é uma constante. Por muito tempo, a competição entre os diferentes modais de transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo) dominou o cenário. No entanto, o futuro da cadeia de suprimentos não está na rivalidade, mas sim na colaboração. E é nesse ponto que o transporte intermodal se destaca.
O transporte intermodal é a combinação inteligente de dois ou mais modais de transporte para movimentar uma carga da origem até o destino final, utilizando a mesma unidade de carga (como um contêiner). Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a união da ferrovia e da rodovia não é apenas uma opção, mas uma solução estratégica para otimizar operações e impulsionar a economia.
A força da ferrovia, a flexibilidade da rodovia
Para entender o poder do transporte intermodal, é preciso reconhecer as vantagens e desvantagens de cada modal.
- Ferrovia: É o modal ideal para o transporte de grandes volumes e longas distâncias. Sua capacidade de carga superior a um caminhão, a eficiência energética e o custo mais baixo por tonelada transportada o tornam insuperável para o escoamento de commodities, minérios e insumos industriais entre estados ou até regiões.
- Rodovia: Oferece flexibilidade e capilaridade. Chega onde os trilhos não chegam, permitindo a coleta da carga diretamente na fábrica ou no produtor rural e a entrega no destino final, seja um centro de distribuição ou um porto.
A mágica do transporte intermodal acontece quando esses dois modais trabalham juntos. O caminhão coleta a carga e a leva até um terminal ferroviário. A partir daí, o trem assume a maior parte do percurso, transportando a carga de forma eficiente e econômica por centenas ou milhares de quilômetros. Na chegada, outro caminhão é responsável pela “última milha”, levando a carga ao seu destino final.
Vantagens que impulsionam o negócio
A integração entre os modais traz benefícios que se refletem diretamente na competitividade das empresas e na sustentabilidade do setor.
1. Redução de custos operacionais
Ao transferir o trecho de longa distância para a ferrovia, que tem um custo por tonelada menor, a empresa consegue uma redução significativa nos gastos com frete. Além disso, há uma economia indireta com pedágios, combustível e manutenção de veículos, que são repassados ao custo final.
2. Mais segurança e menos riscos
O transporte ferroviário é estatisticamente mais seguro que o rodoviário. Ao tirar dezenas de caminhões das estradas, o transporte intermodal contribui para a redução de acidentes, minimizando riscos de perdas de carga e garantindo maior previsibilidade na logística.
3. Eficiência e previsibilidade
A ferrovia opera com rotas e horários definidos, o que garante maior previsibilidade na entrega. Quando combinada com a agilidade do transporte rodoviário na coleta e distribuição, a cadeia de suprimentos se torna mais fluida, permitindo um melhor planejamento de estoque e produção.
4. Sustentabilidade ambiental
Esta é uma das maiores vantagens. A emissão de carbono por tonelada-quilômetro transportada é muito menor na ferrovia do que na rodovia. Optar pelo intermodal é uma forma de as empresas fortalecerem suas políticas de ESG e reduzirem sua pegada de carbono, um fator cada vez mais valorizado no mercado.
O transporte intermodal não é o futuro, é o presente. Ao entender a complementaridade entre os trilhos e as rodovias, as empresas podem construir uma logística mais inteligente, econômica e sustentável, garantindo sua relevância em um mercado cada vez mais competitivo.